domingo, 16 de novembro de 2008

A mídia reforçando a miscigenação racial através da cinematografia


Os filmes sobre racismo que são transmitidos pela mídia brasileira são tendenciosos. Geralmente, os canais de televisão quando transmitem filmes sobre a temática racial, apelam para o lado sentimental das relações inter-raciais, ou seja, incentivam a relação de dependência afetiva dos negros pelos brancos. Os filmes, que tem um papel fundamental na educação das pessoas, influenciado na maneira como as pessoas percebem o mundo e as relações inter-pessoais e inter-grupais, são escolhidos conforme os interesses dos "poderosos" da mídia nacional, fundamentados e orientados pelo mito da "democracia racial", para defender os objetivos deles (a elite branca) de incentivar de uma forma mais intensa a mistura racial.

Os filmes sobre racismo que são transmitidos pela rede de canal aberto no Brasil são perigosos porque objetivam injentar na polução preta um percepção limitada sobre o que é o racismo. Tentam reforçar a construção criada pelos brancos brasileiros de que o racismo é uma questão meramente sentimental, ou, quando não, de que o racismo passa essencialmente pelo vies sentimental. Estes filmes, que projetam uma solução erronêa para superação dos problemas inflingidos pelo racismo, abordam a aceitação do preto pelo branco como uma forma de combate a discriminação racial. Ou seja, os filmes transmitidos pelos canais de televisão são de tendência integracionista, não possbilitando a percepção por nossa gente de uma alternativa de vida mas condizente com nossas necessidades.

Distante de tentar conscientizar a comunidade branca de que ela deve reparar a comunidade negra pelos danos históricos por ela cometidos, e distante também de tentar injentar no povo preto no Brasil um amor-próprio e um orgulho próprio sobre si e sobre sua história coletiva de luta e resistência, os filmes se tornaram, assim como vários programas da tv brasileira, como uma "arma de destruição em massa" do seres de origem africana que aqui estão estabelecidos. Os filmes, assim como as novelas e programas de auditório, se tornaram a mais nova arma da elite branca do Brasil para criar no imaginário e inconsciente das pessoas negras o desejo sentimental de interação com os brancos para amenizar as dores do racismo. O interesse que está por dentro disso é, na verdade, dar continuidade a histórica política branca de extermínio da população negra através da miscigenação entre negros e brancos.

O Território Preto, objetivando dar visibilidade a filmes revolucionário e reacionários sobre a temática racial, está dando dicas de filmes e disponibilizando alguns deles para aquisição. Ao contrário de filmes como " No balanço do amor" e "Em minha terra", que incentivam os negros a dependerem e ser subserviente aos brancos, estamos dando visibilidade a filmes que abordem a trajetória de luta e de reconstrução da comunidade negra em direção a sua autonomia e autodeterminação racial. Estamos ajudando a dar visibilidade a cinematografia negra, do Brasil e do estrangeiro, contestadora do supremacismo branco e reacionária ao mesmo.

O Território Preto é um espaço virtual que se origina da consciência pan-africana revolucionária. É um espaço que, além de fazer um tributo ao Poder Negro, objetiva dar referências positivas, através das dicas de filmes, aqueles pretos e pretas que utilizam / utilizarão este espaço. Por fim, não nego que no Território Preto existe dicas de filmes de conteúdo que prejudica a real percepção da nossa história, como o "Hotel Huanda" e outros. No entanto, até nestes filmes ruins, um bom observador e conhecedor da verdadeira história negra, deve tirar as coisas que são positivas para a reconstrução da nossa comunidade.

Acima, do lado direito, imagem da capa do filme de Spike Lee sobre a vida do ativista negro Huey P. Newton, um dos maiores expoentes do grupo revolucionário Panteras Negras.

5 comentários:

Rubião disse...

Perfeito, é exatamente isso que ocorre no Brasil, miscigenação é a destruição de uma identidade, uma desonra aos antepassados.

Infelizmente novelas como as da Globo acabam por incentivar isso, a pessoa acaba sentindo orgulho de se misturar por ter uma mente suscetível à mídia. É uma não-preservação de uma identidade importante à cultura e história da Nação brasileira.

Defendo a igualdade e o convívio pacífico de todas as etnias, porém, sem miscigenação.

Luiza França disse...

Muito antes das novelas da Globo, os descendentes de africanos já se perguntavam se fazia sentido lutar para perpetuar uma raça que tem como estigma o sofrimento e a discriminação. Os grandes defensores da miscigenação têm a seu favor um leque de razões e situações onde as oportunidades para os miscigenados de pele clara são notórias e visíveis a olho nu, enquanto para os mais pretos sobram os restos com raríssimas exceções e todos nós sabemos que a exceções são exceções...

pauleira disse...

Caramba, pena que pessoas "pretas" tenham tanto ou mais preconceito do que pessoas "brancas". Gente, é provado que esse negocio de raça não existe. Na africa é preto matando preto pelo poder. (Sou preto)Quem vendia os escravos eram os próprios pretos liderer de tribo e etc... Vamos parar com esse bla bla bla e essa mentalidade de pantera negra. O negocio é misturar mesmo, até todo mundo ficar (Verde) rs.

Angelo Rocha disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Angelo Rocha disse...

perfeito pauleira. vi um trecho absurdo de que os brancos tem que pagar uma idenização aos negros pelo passado, porem só 8% dos negros brasileiros são puros e no caso dos brancos, concerteza tem mistura negra em grande maioria. portanto, eu(mestiço de fenotipo branco) jamais pagaria uma idenização a alguem que tem a mesma trajetoria genetica que eu e acabou sendo negro na pele. Acho a favor da educação africana na escola para mostrar a escravidão que os negros e pardos egipcios fizeram com os brancos judeus na penisula e tambem os negros zulus que fizeram com os outros povos negros por mais de 5 mil anos de escravidão na africa antes do homen branco chegar escravizar e decretar o fim do ciclo de forma oficial.